5 tendências de negócios que devem emergir com a Covid-19
Agora, em meados de 2020 – um annus horribilis – há muito que ainda não sabemos. A Covid-19 está controlada? Ou fará um retorno mortal como a segunda onda da gripe espanhola? O experimento global da moderna teoria monetária elevará economias inteiras ou apenas aumentará os preços dos ativos? Semeará inflação ou manterá a deflação recessiva?
Enquanto algumas questões permanecem turvas, outras têm respostas mais claras.
1. Aceleração tecnológica
Na perspectiva do Vale do Silício, o maior feito comercial da história global antes da Covid-19 foi uma aceleração da taxa de evolução tecnológica – e ela ainda está em fase de transformação, garantindo o crescimento contínuo do setor. Empresas relativamente novas, como ServiceNow e Atlassian, surgiram rapidamente. As gigantes tecnológicas foram fortes durante a crise – e continuam sendo. Os clientes de tecnologia corporativa não estão diminuindo seus investimentos. Os CEOs valorizaram a agilidade e, agora, sua maior demanda está relacionada a um retorno rápidos dos recursos – em semanas e não em anos.
2. Os mercados estão focados no pior
As ações aguentaram mais do que o esperado, dado o colapso do comércio no segundo trimestre, comparável ao da Grande Depressão. O que os mercados vêem é uma recuperação razoavelmente rápida – não em forma de V, mas um “U magro”, como Campbell Harvey, professor da Fuqua School of Business da Duke, classificou recentemente. Ainda assim, pode levar de 18 a 24 meses para retornar aos níveis do PIB global de janeiro de 2020. Mas, no terceiro trimestre, as taxas de crescimento serão impressionantes em comparação ao porão de março de 2020.
3. O empreendedorismo vai proliferar
Embora alguns setores, como tecnologia e transporte marítimo, tenham se mantido estáveis, as pequenas empresas familiares foram duramente atingidas e há altas taxas de desemprego entre os jovens. Esses fatores levarão a um boom no “empreendedorismo de sobrevivência”. A história mostra que esse tipo de solução – um caminho natural para os imigrantes – é mais durável do que as startups criadas por empreendedores ricos com apresentações caprichadas de PowerPoint. Nos Estados Unidos, a década de 1970 foi péssima para os negócios – os preços da gasolina quadruplicaram, um presidente e um vice-presidente renunciaram e o mercado de ações perdeu 45% do pico ao vale. No entanto, Apple, Charles Schwab, FedEx, Microsoft e Oracle nasceram nessa década.
4. Cadeias de suprimento serão mais curtas e regionais
O surgimento da China como centro da oferta global é, talvez, a maior história deste jovem século. O protagonismo chinês nos negócios atingiu o pico em 2017. Aí veio a Covid-19. “A disrupção provocada pelo novo coronavírus é diferente. Ele colocou foco no risco da concentração em escala de um único país. Ninguém poderia prever o que aconteceria quando a segunda maior economia do mundo ficasse offline e desligasse completamente as conexões externas de sua rede logística. Muitas empresas só agora estão se familiarizando com a profundidade de suas dependências”, escreveu Willy Shih, professor da Harvard Business School em edição recente da “MIT Sloan Management Review”.
5. A lei do fluxo de capital de Wriston será demonstrada, não revogada
Em seu livro de 1992, “The Twilight of Sovereignty” (sem tradução para o português), o banqueiro Walter Wriston previu que o capitalismo global forçaria os países a cuidarem do capital – financeiro e humano. Se as pessoas e o dinheiro são dinâmicos, eles “vão para onde são bem-vindos e permanecem onde são bem tratados”. Certamente, pelos padrões de 28 anos atrás, o capitalismo global está em retirada. Mas o fluxo de dinheiro e talento continua como uma força e não pode ser interrompido. A lei de Wriston será aplicada na recuperação dos EUA, onde alguns estados e regiões, incluindo centros de tecnologia como o Vale do Silício e Seattle, estão demorando a abrir. O dinheiro e o talento não vão esperar para sempre. Outros lugares mais abertos à inovação e ao investimento em tecnologia, nos EUA e no mundo, podem aproveitar esta oportunidade.
Fonte: Forbes Brasil